Desde muito pequena que tenho o fascínio pela cor. Costumo até dizer que noutra encarnação terei sido abelinha, de tal forma me sinto atraída e fascinada por lugares cheios de cor, até ao ponto de me causar alguma estranha perturbação física.
É verdade que desde muito pequena fui estimulada para isso, e julgo que essa minha relação terá começado na barriga da minha mãe, que me fez um enxoval por cores e imagino que fosse falando comigo sobre isso.
Vem a minha paixão pela cor a propósito de um episódio que amiúde relembro, por razões que se prendem ainda com a minha actualidade.
Como uma das minhas actividades preferidas era pintar livros de colorir, a minha mãe comprava constantemente exemplares, bem como lápis para me entreter.
Um dia, ainda não andava na escola, pelo que deveria ter cerca dos 3 ou 4 anos, abordei a minha mãe, meio decepcionada.
Lembro perfeitamente que o desenho que coloria era a imagem do anão Rezingão, da história da Branca de Neve.
A minha mãe tinha-me oferecido uma enorme caixa de lápis da Caran d´Ache, que na altura eram os únicos que tinham um leque tão alargado de cores e eram por isso - e ainda hoje de certo modo são, pelo preço - um luxo asiático.
Desolada, disse para a minha mãe:
Mamã... falta-me uma cor!
A minha mãe ficou perplexa. Com tantas, ainda assim faltava uma? Qual?
A cor de salsicha, mamã!
E para que necessitava eu da cor de salsicha?
Para colorir a cara e as mãos do anão, pois então!
E a que propósito vem isto, constantemente, na minha actualidade?
Sou, desde a adolescência, fanática por acessórios. A maior paixão? Brincos. Por isso, por muitos que tenha consigo sempre descobrir um - ou dois ou três - que não tenho. O que hoje em dia não é mesmo nada difícil.
Por essa e por outras é que muitas vezes quando ando às compras com mãe e faço mais uma compra compulsiva ouço: Pois é, filha. Ainda te falta a cor salsicha!