~*~ Quando eu era Pequenina ~*~

e outras coisas de que me lembro...

31 dezembro 2009

Crescer, com os Anos.

Quando eu era pequenina tinha medo dos novos anos.
Lembro-me de sempre ter ficado ansiosa e angustiada com a aproximação da meia-noite.
Depois, à hora dos foguetes chorava, talvez mais de emoção e comoção que de medo. Mas, observando hoje à distância, estou convicta que um pouco dele também estava lá.
Porque crescer é traspor uma porta que está entre-aberta e não saber tão cedo o que vamos encontrar, do lado de lá.
Um dia do novo ano conto a história da minha relação com o medo.
Até já!

25 dezembro 2009

Natais


São muito importantes os registos da nossa vida. As fotografias e os filmes ajudam a recontistuir a nossa história e as nossas memórias.

Parte do que lembro e sei sobre mim resulta em grande parte daí, do hábito que tinha já em pequena de revisitar as gavetas e procurar fotografias de quando era pequena, avivando momentos, lugares, pessoas, roupas, brinquedos. Tudo isso faz com que muitas das nossas recordações sejam em parte viciadas, porque não são na verdade recordações puras mas fruto de um constante alimento da memória com registos que ajudam a fixar passagens da vida, que de outra forma, se perderiam no nosso mar de vivências.

Falo disto porque, hoje, assim como ontem, assim como em tantos outros Natais, é fácil recordar alguns Natais passados de que guardo muitas e fortes lembranças.

Durante muitos anos os Natais foram celebrados em casa dos meus avós maternos. Era o dia do ano em que a mesa se agigantava com mais duas tábuas colocadas ao meio, se cobria com a mais longa toalha e em que cedo começavam os preparativos. A sala, já de si pequena, ficava minuscula nesse dia para que todos lá coubessem e da cozinha vinha sempre o velho banco mais umas cadeiras da prima para que todos garantissem lugar à mesa.

Era enorme a alrgazarra, sobretudo com o eterno humor do tio a quem cedo chamei Tjá, e as conversas à mesa cruzavam-se sem que eu percebesse grande parte mas sempre absorvendo o sabor da sua partilha.

Filha, neta e sobrinha única, sempre fui o centro das festas e das atenções. Escusado será dizer que nesse dia era muitíssimo presenteada, sobretudo porque nessa época os presentes ainda vinham essencialmente três vezes por ano: no Natal no aniversário e quando passávamos de ano.

Relembro a árvore que a minha mãe sempre decorou com esmero. Um ano, apenas decorada com folhas de plátano previamente secas e tratadas e depois pintadas a prateado e dourado. Depois, mais tarde, com bolas de vidro, um luxo na época do plástico, com uma caracteristica original e cara que era serem facetadas. Lembro-me até de as ir comprar a uma famosa loja pelas décadas de ´70, a Sombra, lá pelas bandas da Av. da República, uma espécie de Area do momento.

Mas uma das imagens mais expressivas que guardo destes dias é o momento da entrega dos presentes, em que o meu tio subia para cima da cama de ferro do meu quarto em casa da avó - a mesma cama onde já dormira um tio do meu pai, onde o meu pai dormiu e onde dorme agora a minha M.

E para que subia o Tjá para cima da cama e se colocava lá ao cantinho? Para assegurar, segurando o projector de luz, a tradicional filmagem do Natal que o meu pai fazia com a nossa câmara Super 8. Lembro sobretudo a enorme galhofa que este ritual representava e de o meu pai filmar o tio, em cima da cama, de projector em riste para iluminar adequadamente o espaço onde a troca de prendas se fazia, em momentos de grandes risotas.

Depois, era religiosamente guardado um bocadinho de filme para o meu aniversário, muito próximo e, esgotada a película, era enviada para a Kodak em Espanha, que a revelava e enviava de novo pelo correio, num envelope amarelo de papel grosso que ainda recordo. Pelos dias seguintes havia motivo para mais uma reunião familiar: respectiva projecção, na tela especial para o efeito, tendo como única banda sonora o teca-teca-teca-teca do filme a passar no escuro do quarto e os comentários e mais risotas às figuras que fazíamos ao ver-nos filmados.

As memórias são isto tudo, as guardadas e as alimentadas, as que um dia surgem da nossa mais profunda caixa negra ou as que guardamos numa gaveta, num livro, num álbum ou numa bobine.
As memórias são nossas mas é sempre bom quando alguém se encarrega de se assegurar que um dia as teremos.*
Por saberes tão bem o valor disso, Obrigada Pai!

*... Talvez por isso massacre tanto a minha M. com sessões fotográficas...






23 novembro 2009

E e as (minhas) cores


Desde muito pequena que tenho o fascínio pela cor. Costumo até dizer que noutra encarnação terei sido abelinha, de tal forma me sinto atraída e fascinada por lugares cheios de cor, até ao ponto de me causar alguma estranha perturbação física.

É verdade que desde muito pequena fui estimulada para isso, e julgo que essa minha relação terá começado na barriga da minha mãe, que me fez um enxoval por cores e imagino que fosse falando comigo sobre isso.

Vem a minha paixão pela cor a propósito de um episódio que amiúde relembro, por razões que se prendem ainda com a minha actualidade.

Como uma das minhas actividades preferidas era pintar livros de colorir, a minha mãe comprava constantemente exemplares, bem como lápis para me entreter.

Um dia, ainda não andava na escola, pelo que deveria ter cerca dos 3 ou 4 anos, abordei a minha mãe, meio decepcionada.

Lembro perfeitamente que o desenho que coloria era a imagem do anão Rezingão, da história da Branca de Neve.

A minha mãe tinha-me oferecido uma enorme caixa de lápis da Caran d´Ache, que na altura eram os únicos que tinham um leque tão alargado de cores e eram por isso - e ainda hoje de certo modo são, pelo preço - um luxo asiático.

Desolada, disse para a minha mãe:
Mamã... falta-me uma cor!
A minha mãe ficou perplexa. Com tantas, ainda assim faltava uma? Qual?
A cor de salsicha, mamã!

E para que necessitava eu da cor de salsicha?
Para colorir a cara e as mãos do anão, pois então!

E a que propósito vem isto, constantemente, na minha actualidade?

Sou, desde a adolescência, fanática por acessórios. A maior paixão? Brincos. Por isso, por muitos que tenha consigo sempre descobrir um - ou dois ou três - que não tenho. O que hoje em dia não é mesmo nada difícil.

Por essa e por outras é que muitas vezes quando ando às compras com mãe e faço mais uma compra compulsiva ouço: Pois é, filha. Ainda te falta a cor salsicha!

09 novembro 2009

A primeira música que aprendi no colégio

A ida para o Colégio, aos cinco anos, foi sem dúvida um dos grandes momentos da minha vida, por toda a novidade, mudança e momento de viragem que representou no meu, até ali, pequeno microcosmos.
Relembro com perfeita nitidez todo o processo, os primeiros dias, os novos amigos as grandes brincadeiras.
Hoje de manhã relembrei esta música de embalar, a primeira que aprendi na escola.
Lembro a minha educadora, a Dina, uma jovem de 25 anos, linda, morena, com uns magnificos e longos cabelos pretos, que na altura era para mim uma mulher muito crescida. Tanto como a minha jovem mãe, que tinha exactamente a mesma idade.
E cantava assim...

Pimpão é um boneco
Muito lindo de cartão ( rep. de cartão),
Que lava a carinha
Com água e sabão, (rep. com água e sabão).

Penteia o seu cabelo
Com um pente de marfim (rep. de marfim),
Mas se lhos puxão muito
Não chora nem faz chimfrim, (não chora nem faz chinfrim)

E quando as estrelinhas
Começam a luzir (rep. a luzir),
Pimpão vai para a cama
E põe-se a dormir (rep. e põe-se a dormir).


Sempre imaginei o Pimpão, com uns cabelos em lã amarela e a sua cara de cartão, que estranhava não se desfazer na água e sabão.
E tenho a certeza, se um dia o encontrar, vou certamente reconhecê-lo!

08 novembro 2009

Um aroma a azul


Se há marcas que marcaram a minha infância, a Nivea foi uma delas.
Sinto-me parte da geração Nivea caixa-azul. Aquela a que cheiravam os beijos matinais dos meus pais e as minhas férias de Verão.
Lembro-me da textura do creme na cara, do perfume inigualável, da prata que por dentro ficava só com uma ponta levantada, para todo o conteúdo não ficar colado à tampa.
Lembro de franzir os olhos - como hoje vejo a M. franzir quando uso os mesmos gestos - enquanto a minha mãe o espalhava pelo nariz e maçãs do rosto, para me proteger do sol nos dias quentes e me defender do frio nos dias de Inverno.
Ao longo dos anos coleccionei caixas com diversos tamanhos e padrões que hoje habitam num lugar recôndito da arrecadação.
Apesar de não o usar com frequência, a minha relação com o creme Nivea é de sempre e para sempre.
E acho que todos os pais e mães deviam cheirar sempre assim!

07 novembro 2009

Regresso

Ando mesmo com muita vontade de regressar a este espaço. Assim, sem qualquer tipo de preocupação com a ordem cronológica dos factos - que já não havia, de certo modo - vou voltar às minhas histórias, às minhas memórias, aos meus mais queridos lugares de mim.

30 setembro 2009

Por motivos nada alheios à autora

Estimado cliente:
Este blog encontra-se temporariamente interrompido por tempo indeterminado... get it? ;)

Grata pela compreensão.
M.